Liga dos combatentes

03-06-2015 21:58
Caros Companheiros,
Por nos dizer respeito a todos, enquanto combatentes, e cidadãos de corpo inteiro ─ alguns nem por isso, devido a mazelas trazidas da guerra ─ passo-vos, com a devida vénia, um assertivo artigo de autoria do Tenente-general Joaquim Chito Rodrigues, presidente  nacional da Liga dos Combatentes.
Como responsável por este site e sócio da Liga dos Combatentes, tomo a liberdade de vos sugerir, caso ainda não o tenham feito, que se inscrevam e tornem sócios. Além de poderem ter conhecimento e participarem em eventos da iniciativa da Liga, podem ainda usufruir de benefícios diversos.
 Existem núcleos da Liga espalhados por todo o país. Procura um na localidade onde vives ou perto dela. Vai a https://www.ligacombatentes.org.pt/  inteira-te do que é a Liga dos Combatentes, e escolhe o núcleo mais perto de ti, onde te possas inscrever como sócio combatente.
Fico ao vosso dispor para prestar os esclarecimentos adicionais julgados como necessários. (vidé contactos do site)
José Ferreira

 

Medalhas e não só…

Ser cidadão é difícil. Ter sido combatente dificílimo. Governar uns e outros, um desafio. Mas porque evidenciar o combatente do cidadão comum? Pela simples razão que o combatente, tendo em determinado momento da sua vida sido obrigado a cumprir mais deveres que os outros cidadãos, sacrificando a vida, a família e a si próprio, obteve para o resto da vida, essa honra, mas também o direito de ter, quando oportuno, o reconhecimento de alguns direitos que compensem os deveres extraordinários a que um dia esteve sujeito. Ser cidadão combatente não é pois coisa fácil.  Pelo contrário exige mais responsabilidade ao longo da vida.


Ficamos por isso preocupados quando combatentes pretendem entregar as suas medalhas ao mais alto responsável do seu país:- o Presidente da Republica. Ficamos igualmente preocupados quando a caixa geral de aposentações deixa de pagar o complemento de pensão  inerente a lei 3/2009, aos combatentes, afirmando que o mesmo está integrado na pensão, ao contrário do que sucede com a segurança social, resultando dai desigualdade e mal-estar. Preocupados ainda quando os doentes em estado terminal são aconselhados no HFAR a sair do hospital sem que as famílias tenham onde os colocar e tratar. Preocupados quanto ao que se ouve entre militares e combatentes comentando a acção política passada e actual de forma contundente, fora dos limites considerados aceitáveis. Preocupados como cidadãos combatentes, com as notícias públicas de novos cortes nas pensões. Preocupados ao ver novos bancos sob vigilância e onde combatentes e a própria Liga têm alguns depósitos. Todas estas preocupações e outras que nos abstemos de enunciar, podem cair no todo ou em parte, sobre os tais cidadãos que deveriam ter agora mais protecções que deveres.

Fomos a instituição que 50 anos depois do fim da guerra, promoveu a entrega a centenas e  centenas de cidadãos combatentes, da sua medalha das campanhas do ultramar. Embora a tivessem ganho e ela vivesse no interior do seu coração, jamais alguém lha tinha colocado ao peito em acto de reconhecimento publico. Vimos muitos chorarem de emoção ao recebê-la. Pena é que tenham que a requerer quando a ela tem direito, por direito próprio. A medalha, símbolo maior do reconhecimento de feitos praticados em campanha é algo muito significativo para qualquer combatente. É necessário muito para justificar o acto que alguns combatentes tomaram com aquela atitude pública, o que nos deve levar a reflectir profundamente.

A Liga dos Combatente perfez 91 anos.  Durante toda a sua vida respirou em situação de crise. Nunca fechou as suas portas. Sempre lutou e praticou a promoção dos valores supremos do país e praticou a solidariedade. Sou um Presidente com muita honra em presidir a uma Instituição com milhares de membros que respeitam a sua bandeira, o seu hino e o seu grito.

É porque sentimos nos combatentes demasiadas preocupações que procuramos actuar de forma a minimiza-las, sem as camuflar .

Com os apoios recebidos do estado, dos sócios e dos apoiantes, desenvolvemos lares para apoio aos idosos, promovemos apoio social aos mais necessitados, criamos estruturas de apoio a saúde em espaços onde o SNS não chega, honramos os nossos mortos garantindo-lhe uma campa digna, apoiamos combatentes sem abrigo, com stress pós traumático, alcoólicos ou com outros problemas graves. Somos uma verdadeira IPSS. Todos trabalham como voluntários, cidadãos combatentes ou apoiantes, numa estrutura nacional em que os seus dirigentes (cerca de 550) ao contrário do que por vezes se afirma, não usufruem de qualquer vencimento ou complemento de pensão de reforma. Temos muita honra em afirmar que na Liga dos Combatentes as palavras correspondem aos actos.

Continuamos por isso a pugnar por que todos os combatentes recebam as medalhas a que têm direito e a usar no seu peito, as medalhas que lhes foram atribuídas, quantas vezes o único reconhecimento dos sacrifícios passados ou actos praticados e distinguiremos com elas os que entre nós mais se distinguirem. Usemo-las com honra.

Isso servirá de exemplo para as novas gerações e não só. Essa atitude não nos impedirá de sermos, sempre que necessário, intérpretes do sentimento, apreensões e necessidades da generalidade dos membros da Liga dos Combatentes.


Tenente-general Joaquim Chito Rodrigues